Para que um acordeão possa corresponder ao que dele pretendemos, uma das bases em que assenta é a chamada “compressão”. Consiste a “compressão” na capacidade que o acordeão tem em ser estanque evitando, ao máximo, qualquer fuga de ar. Assim, os serviços mecânicos que aplicamos a um acordeão em reparação começa por verificar a estanquicidade (compressão) desse instrumento sendo feita uma verificação e eventual correção/reparação de feltros/válvulas, fole, cravos/parafusos de fixação, fitas das “caixas” dos teclados, etc..

A estanquicidade (compressão) de um acordeão permite tirar dele maior proveito em relação ao fole que insufla o ar necessário para pôr em funcionamento as palhetas e possibilita ao executante o desenvolvimento e apresentação de trabalhos técnicos (como bellows-shake, ricochet, etc.) mais perfeitos.

Os teclados de um acordeão devem apresentar aquilo a que chamamos “touché” mais ou menos tenso mas, necessariamente, equilibrado; tensão igual entre todos os botões/teclas que são pressionados ao tocarmos.

 

O equilíbrio e a tensão dos teclados exigem a verificação/correção das molas se necessário e o ajuste de botões ou teclado em relação ao “corpo” do instrumento.

O equilíbrio no que à tensão diz respeito, vai permitir ao acordeonista uma melhor e mais fiel interpretação e, acima de tudo, vai interferir com estilos musicais que pretenda apresentar ou desenvolver; isto é, um acordeão preparado para música ligeira terá sempre um “touché” mais leve do que um acordeão preparado para o chamado estilo concerto/clássico em que diversas técnicas podem ser desenvolvidas e aperfeiçoadas graças a uma ”resistência” que caracteriza esse mesmo “touché”.

É normal que, com o tempo e devido a transpiração ou outros fatores, seja necessário corrigir ou até substituir feltros no teclado da mão esquerda.
De facto, a deterioração dos feltros resulta da acumulação de poeiras de que nem nos apercebemos mas que, juntamente com o suor dos dedos do executante, leva a que possam existir deficiências aquando do manuseamento dos botões ou bloqueamento/mau funcionamento do sistema mecânico da mão esquerda.
Que desagradável seria acontecer o bloqueamento de um botão em pleno concerto.
No nosso serviço também damos atenção a este pormenor técnico.

 

A correção do distanciamento entre botões/teclas e entre estes e o “corpo” do acordeão deve ser feita de forma a que esse distanciamento seja uniforme e nunca permitir qualquer irregularidade que possa contribuir para uma má execução.
O acordeonista será o único instrumentista que não vê os teclados que manuseia quando executa uma partitura e por isso lhe deve ser concedida a possibilidade de tocar num acordeão que reúna as melhores condições no que ao tacto diz respeito. Assim, os teclados devem estar ajustados em altura e, entre os botões/teclas, deve existir uniformidade de distanciamento entre si e em relação ao “corpo” do acordeão.

Qualquer fabricante de acordeões sabe que a mão esquerda deste instrumento é a área mais difícil e complexa de construir. Exatamente por sabermos que assim é, damos especial atenção à revisão de todos os pormenores técnicos que tenham a ver com esta área tão complexa e sensível. Afinal, o acordeão tem como umas das características fundamentais a possibilidade de se “auto-acompanhar” graças à tecnologia artesanal utilizada na mão esquerda; seja sob a forma de sistema standard quer sob a forma de sistema bassetti (acordeão de concerto).

Os registros permitem a um acordeonista “nuances” tímbricas que, no acordeão, atingem uma multiplicidade impressionante. Na verdade, um acordeão pode não ter registros, pode ter 1, 2, 3 registros podendo chegar a 15 nos chamados acordeões de concerto.
Também em relação aos registros temos de prestar a melhor atenção. A lubrificação, a limpeza do sistema de registros da mão direita e da mão esquerda, a eficiência da chamada mentoniere (registros de queixo), etc. são fundamentais para que nunca haja falha aquando da utilização desse sistema.

Todos nós gostamos que o nosso acordeão revele a sua beleza estética, o seu brilho. Neste capítulo, apontamos a nossa atenção para o melhor manuseamento possível do celuloide.
O celuloide é a capa que protege e embeleza o acordeão como se da sua “pele” se tratasse. Um bom polimento permitirá eliminar riscos e restaurar brilho ao seu acordeão.